O que um responsável por Relações Públicas, popularmente conhecido como “RP” pode fazer pelo meu negócio? Essa é uma questão que enche a cabeça dos empreendedores de dúvidas. Afinal, o quão importante é ter um profissional especializado neste ramo para o crescimento do negócio? Em tempos de novas mídias seria indispensável?
O profissional de Relações Públicas atua na promoção da imagem da empresa, com uma visão global da comunicação, com expertise para atuar na aproximação da marca com os influenciadores de seu mercado consumidor, gestão da comunicação interna, Assessoria de Imprensa e Social Media – atividades que, normalmente, são realizadas por jornalistas.
Para esclarecer maiores dúvidas e questões sobre essa ainda “misteriosa” profissão, conversamos com a Fernanda Mizzin, profissional da EventBrite. Confira abaixo como foi o nosso bate-papo:
LaPresse (LP) – Como as ações em RP podem contribuir para o desenvolvimento de uma empresa?
Fernanda Mizzin (FM) -O profissional de Relações Públicas é quem vai construir a voz da empresa, desde como os funcionários se comunicam até executivos e diretoria. O ideal seria que todas as empresas, independente do número de funcionários, tivessem pelo menos um profissional de RP ou um representante de agência de comunicação para construir a imagem e estratégia de comunicação dentro e fora da empresa.
Um RP faz toda a comunicação interna, a externa (assessoria de imprensa), comunicados da diretoria, media training com porta-vozes, gerenciamento de crise, eventos e cerimoniais e uma função mais recente que é cuidar da imagem e reputação da empresa na internet, o RP 2.0, com gerenciamento de redes sociais, Blogs e páginas espalhadas pela Web, inclusive, se a instituição tiver algum problema com posts de funcionários nas redes sociais, é esse profissional que será acionado e que deverá indicar a melhor forma de se comunicar, mesmo que o funcionário esteja fora do seu horário de trabalho.
LP – Hoje temos uma variedade de canais para nos comunicar com o público, via Assessoria de Imprensa e Redes Sociais. Quais cuidados os empresários devem tomar?
FM – A maior dificuldade hoje é conseguir monitorar todos os canais e tudo que é falado sobre a empresa. Então, é preciso sempre pesquisar sobre assuntos relacionados e o próprio nome da empresa em sites de buscas, nas redes sociais, as ‘#’ utilizadas pelo público e também os influenciadores para saber o que estão dizendo sobre a marca.
Outra dificuldade hoje é com a grande demanda que jornalistas recebem de pautas e press releases, fica difícil conseguir emplacar uma boa matéria, a não ser que a sua notícia seja um grande acontecimento ou furo de reportagem.
Mas o mais importante é fazer uma boa pesquisa antes de traçar uma estratégia de comunicação, para ter certeza de quem é o seu público-alvo e qual é a melhor mensagem para se comunicar com ele.
LP – A CEO da Eventbrite se formou no mercado de comunicação. Como isso impacta no negócio?
FM – Nossa CEO Julia Hartz trabalhou para a MTV e Fox Networks como gerente de seriados das emissoras, e na Eventbrite sempre trabalhou muito para construir uma cultura global entre os cerca de 500 funcionários da empresa espalhados pelos escritórios existentes em oito países. Ela sempre focou seus esforços para que os colaboradores falassem a mesma linguagem e mantivessem uma só cultura global, isso é feito com a integração de todos os times, que apesar de separados pelos países e continentes, fazem reuniões semanais e mensais com seus colegas de mesma área por meio de Google Hangout. Além disso, semanalmente a CEO realiza uma reunião transmitida também por Hangout, em que responde perguntas de todos os funcionários e escuta as novidades de todos os escritórios. Uma vez por mês é feita outra grande reunião que serve como oportunidade para os funcionários mostrarem grandes projetos que estão realizando para todas as Eventbrites.
Além disso, recentemente anunciamos o nosso primeiro Country Manager Brasil, Hugo Bernardo, antes desse novo desafio, Hugo era o nosso diretor de marketing, mais um líder da comunicação!
É muito bom trabalhar com profissionais como o Hugo e a Julia porque eles entendem a importância de uma comunicação bem alinhada e estruturada dentro e fora da empresa.
LP – Startups são, naturalmente, grandes ideias inovadoras, mas normalmente com um baixo poder financeiro. Como elas podem iniciar ações de RP? E as PMEs? Podem utilizar as mesmas ações?
FM – Sim, isso é verdade! Para essas empresas novas e inovadoras muitas vezes fica difícil ter um orçamento especial para ser gasto com ações de relações públicas. O jeito é experimentar as opções de baixo custo que o mercado tem a oferecer e fazer você mesmo!
Por outro lado, nada substitui o contato e relacionamento com o jornalista, portanto, para essas pequenas empresas e startups o ideal seria contratar um profissional e um estagiário de relações públicas para começar esse relacionamento com a imprensa e fazer ele mesmo o trabalho de produção de releases e o follow up (ligar para os jornalistas) e traçar as outras estratégias de RP, como as de comunicação interna. No começo esse profissional ficaria muito atarefado, mas com certeza o esforço valeria a pena para ajudar a organização a crescer e ir conquistando o seu espaço e orçamento para grandes ações no futuro.
LP – Muitas das organizações encontram dificuldades em mensurar os resultados atingidos com ações de RP. Que dicas você poderia passar para que esse trabalho seja feito de maneira eficiente?
FM – Mensurar é mesmo muito difícil. Para a parte digital é mais fácil, por exemplo, ao soltar um release para a imprensa, incluir ao citar o nome da empresa ou produto, uma UTM (sistema de tagueamento), que nada mais é do que um código que irá indicar a campanha que você está trabalhando para o Google Analytics da empresa (isso só vale para as empresas que usam o Analytics). Esse código irá mostrar os acessos e até mesmo conversões vindas dos cliques das matérias publicadas com os esforços de assessoria de imprensa.
É muito importante também que os jornalistas e RPs estejam, hoje familiarizados com essas maneiras de mensurar e analisar dados, são elas que irão mostrar para a diretoria as metas e objetivos alcançados pelas suas ações.
LP – Para finalizar, o que não pode faltar em um planejamento de RP estratégico?
FM – Não pode faltar em um planejamento de RP estratégico a pesquisa e mapeamento da situação da organização, alinhamento de comunicação entre os envolvidos (a comunicação integrada) e a avaliação dos resultados. Na minha opinião, a mais importante é a pesquisa, o início do planejamento é essencial para que o restante do plano funcione perfeitamente.